lista de fim de ano ("OS 20 MELHORES FILMES DE 2017")


Lista Especial Final de Ano

OS 20 MELHORES FILMES DE 2017


Este foi um ano de muitíssimas realizações cinematográficas interessantes, muitas de estilos completamente diferentes. Teve de tudo: pós-terror (rótulo horrível, mas, vamos relevar), terror, animação, filme de super-heroi mais sério e sisudo, documentário, cinema de cunho MUITO social, e até as produções brasileiras marcaram presença com ótimos longas. Enfim, foi um ano do qual nenhum cinéfilo pode se queixar. Lembrando que esta lista se refere a filmes que estrearam no Brasil em 2017, mas, que podem, facilmente, ser de 2016.

Bem, deixemos de conversa e relembremos o que de melhor tivemos na tela grande neste ano que acabou de acabar. 🎥


20º
"Raw"
É verdade que o termo pós-terror foi usado para produções um tanto quanto frouxas ("Corra!" e "Ao Cair da Noite"), mas, pelo menos, essa denominação serviu para chamar a atenção para produções muito boas.No entanto, é bom deixar claro: "Raw" não é bem um filme de terror (apesar de algumas cenas repugnantes), já que ele está mais para um drama que fala, metaforicamente, da passagem da adolescência para a vida adulta de um jeito, digamos, "peculiar". Causa estranheza, sim, mas, quando o filme finalmente engrena na nossa mente...


19º
"It - A Coisa"
A tarefa de refilmar “It” não foi tão hercúlea assim, visto que o telefilme, a despeito da memória afetiva de muitas pessoas, é bastante irregular, só se salvando por conta da composição do ator Tim Curry para o horrendo Pennywise. O grande problema foram as comparações descabidas com “Stranger Things”, sendo que é a série da Netflix que se baseia na obra de Stephen King. Mesmo assim, “It – A Coisa” versão 2017 é um baita filme de terror, que mesmo possuindo inúmeras referências ao cinema oitentista, ainda possui muita identidade, além da composição de Bill Skarsgård para Pennywise ter ficado um primor. Filmão.


18º
"A Tartaruga Vermelha"
“A Tartaruga Vermelha” possui a alma e a sensibilidade das mais importantes produções feitas pelos Studios Ghibli. Com bastante simbologia, a estória se concentra na condição de um náufrago que simplesmente não consegue sair da ilha da qual ele está devido a uma estranha tartaruga vermelha. O filme, então, totalmente sem diálogos, nos leva a fazer inúmeras reflexões sobre a solidão, a família, e até mesma da vida e da morte. De fato, 2017 precisava de um filme bonito como esse.


17º
"Logan"
O que muito pareciam impossível, aconteceu: um filme adulto e bastante violento de Wolverine, ou melhor, de Logan. Sim, porque o que vem aqui é mais a fragilidade humana de alguém em profunda depressão, do que o heroico mutante com o qual a maioria já está acostumada. E, essa abordagem deu muito certo. Mesmo com algumas conveniências de roteiro, a produção é envolvente, e mostra que filmes de super-herois podem ir bem além do que um mero festival de fantasias coloridas e vilões espalhafatosos.


16º
"Planeta dos Macacos: a Guerra"
Fechamento magistral de uma trilogia que, incrivelmente, acabou dado certo. Matt Reeves comanda um baita espetáculo, com ação e impressionantes efeitos visuais, sim, é verdade, mas, também com muita segurança em relação ao drama da guerra, muito mais do que o conflito em si. Destaque total para Andy Serkis, numa captura de gestos para o personagem Cesar que beira a perfeição.


15º
"mãe!"
Darren Aronofsky sempre foi um realizador ousado, apesar dos seus mais recentes trabalhos não serem tão excepcionais assim. Com “mãe!”, ele retoma a excelente forma, e faz um filme intrincado, cheio de metáforas, simbolismo e diversos significados. Não, não é um filme de horror, apesar do medo e do pânico estarem cruamente presentes no terceiro e último ato do longa. Não deixa de ser aquele velho clichês “ame ou odeie”, mas, é quase certo que ninguém fica indiferente a ele.


14º
"Paterson"
Jim Jarmusch pode muito bem ser considerado um outsider do cinema independente. Mesmo não fazendo tanto sucesso quanto merecia, seus filmes, em geral, são tratados com muito carinho e respeito por seus fãs de longa data. E, eis que em plano 2017, ele nos brinda com uma estória aparentemente simples do cotidiano banal de um casal. No entanto, indo mais além, vamos descobrindo camadas e mais camadas de interpretação que vão culminar num belo questionamento das relações amorosas atuais, mais preocupadas com o "parecer", do que com o "ser". Muito bonito.


13º
"Sete Minutos Depois da Meia-Noite"
Para quem se encantou com “O Labirinto do Fauno” e “A Nona Vida de Louis Drax”, este aqui é uma ótima pedida. Também usando o artifício de uma criança usar o mundo da imaginação para fugir de uma dura realidade, "Sete Minutos Depois da Meia-Noite" também é uma ode às narrações de histórias épicas, que nos inspiram e nos encantam. Impressionantes e bem utilizados efeitos especiais completam o pacote.


12º
"A Garota Desconhecida"
Os irmão Dardenne, há um bom tempo, veem mantendo uma regularidade interessante em seus trabalhos, explorando sempre questões humanitárias e de ética. E, ética é a palavra-chave que define muito bem "A Garota Desconhecida", que vai na veia da questão de como uma decisão errada,  mas não necessariamente má ou egoísta pode reverberar tragicamente na vida de outra pessoa, e a busca por alguma forma de redenção de quem possui um mínimo dessa consciência. Bastante interessante.. 


11ª
"Moonlight"
Divido em três partes distintas, cujo foco é a infância, a adolescência e a fase adulta de um rapaz negro e gay, que sofre com a mãe dependente química, precisa lidar com o buylling na escola, e, no final, torna-se traficante no bairro onde mora. Um filme forte, que não se foca somente na questão da sexualidade do protagonista, e sim no universo que o cerca, com pessoas perdidas e doentes em um mundo condenado ao preconceito.


10º
"O que Está Por Vir"
No mesmo ano em que Isabelle Huppert nos brida com uma atuação memorável em "Elle", ela consegue (quase) repetir a dose em sua excelente performance como uma professora universitária que questiona as ideologias que um dia seguiu em "O que Está por Vir". Poderia ser muito fácil o filme seguir, ferrenhamente, uma linha ideológica, e pregar um certo grau de intolerância. Felizmente, o que temos aqui é uma estória sóbria, que critica de maneira madura todos os lados, e que, principalmente, não esquece que, por trás de tantas ideias e debates, existem pessoas de carne e osso, com defeitos e qualidades. 


"Noites Brilhantes"
Uma relação difícil entre pai e filho. O filme "Noite Brilhantes" precisa apenas dessa premissa para fazer um tocante estudo de personagens, em que acertos e principalmente erros são cometidos de geração para geração, num ciclo sem fim. Mesmo lento em sua condução, o longa não incomoda, e questiona de maneira veemente as relações familiares neste mundo moderno. 



"O Apartamento"
Asghar Farhadi, diretor do filmaço "A Separação", continua a nos inquietar ao mostrar um Irã longe de estereótipos, que possui tantos problemas como outra nação qualquer. O enredo, aparentemente simples, toma ares pesados e angustiantes quando uma vingança pessoal ameaça ultrapassar a linha tênue do sadismo, mostrando que não existem inocentes no sociedade. Belo e inquietante (principalmente, em seu ato final).



"Eu, Daniel Blake"
"Eu, Daniel Blake" foi acusado, erroneamente, de ser um filme panfletário e simplório. De fato, as suas ideias são contundentes e passadas de maneira bastante objetiva, mas felizmente ele consegue ser crítico, no entanto, jamais raso. Muita da "culpa" desse equilíbrio é do veterano cineasta Ken Loach, responsável pelo brilhante "Kes", de 1969. "Eu, Daniel Blake" incomoda os cinéfilos atuais mais "exigentes" porque é pouco sutil em seus ataques ao sistema e à sociedade como um todo. Porém, isso não incomoda nem o pouco o desenrolar de uma estória com ótima intensidade dramática, e um correto desenvolvimento de personagens cativantes.



"Divinas Divas"
Compilando belíssimas histórias de travestis que fizeram parte da velha guarda do teatro e afins, este excelente documentário dirigido por Leandra Leal transpira um senso de humanidade fabuloso, resgatando a arte que essas pessoas sempre fizeram muito bem e dando a elas o seu devido valor. Extremamente bonito de ver.



"Detroit em Rebelião"
A diretora Kathryn Bigelow, de "Guerra ao Terror", vem mostrando um grande amadurecimento ao longo dos anos, cujo auge aconteceu agora em 2017, com o forte "Detroit em Rebelião". Sem concessões em relação a cenas tensas, principalmente pela forma de filmar, com câmera na mão, a cineasta nos joga num turbilhão de conflitos raciais que, infelizmente, estão mais atuais do que nunca. Impactante do começo até o final.


"Corpo Elétrico"
Um dos melhores filmes brasileiros de 2017, "Corpo Elétrico"poderia ser resumido, para os mais desavisados, como um longa que explora de maneira quase documental a relação entre pessoas (a maioria, gays) que vivem momentos de diversão e descontração para aliviarem a tensão do dia a dia. Mas, olhando mais atentamente, iremos perceber que ali se encontra um mosaico de personagens fascinantes, que interagem entre si de maneira muito natural. Além de tocar em assuntos como a homofobia, o longa ainda tece críticas ao mercado de trabalho que explora os seus empregados de todas as maneiras possíveis. Porém, nenhum assunto desses é tratado de maneira carregada ou óbvia demais, fazendo de "Corpo Elétrico" um filme crítico, e, ao mesmo tempo, muito humano.



"A Ghost Story"
Um filme para se refletir por dias, meses e até anos (por que não?). Oscilando entre um pessimismo voraz, e um pouco de esperança, "A Ghost Story" é uma baita reflexão sobre a vida, a morte, o tempo, as escolhas, a fé, a efemeridade, a solidão, e por aí vai. Ponto negativo fica somente para os personagens de Casey Affleck e de Rooney Mara, que são fracos e sem a empatia necessária para esse tipo de produção. Menos mal que a estória é tão poderosa e intensa, que esse detalhe dos personagens acaba passando meio que despercebido. Se fosse para definir o longa em poucas palavras, eu diria que "A Ghost Story" é a tristeza e a angústia materializadas em forma de filme.


"Joaquim"
Inteligentemente, o diretor Marcelo Gomes (de "Cinema, Aspirinas e Urubus") optou por não fazer um filme sobre Tiradentes nos moldes convencionais. Ao contrário: "Joaquim" mostra a gradativa construção de um homem revoltado, destruído pela exploração dos poderosos, e com virtudes e qualidades como outra pessoa qualquer. O final do filme, por sinal, é de uma crítica tão ácida que deveria incomodar certos grupos atuais que dizem lutar pelo social, porém, só estão mesmo é preocupados com os seus próprios interesses. O filme brasileiro do ano.



"Eu Não Sou Seu Negro"

A questão racial parece ter chegado em cheio em 2017, já que também tivemos o ótimo "Moonlight" entre os destaques desse ano que passou. E, "Eu Não Sou o Seu Negro", como toda boa arte, não é "apenas" um documentário, mas, um retrato fidedigno de um mundo que ainda insiste em cultivar preconceitos, como o machismo, a homofobia, e, neste caso aqui, o racismo. Impressionante como conseguimos, através das informações apresentadas em "Eu Não Sou o Seu Negro", enxergar o mundo de hoje em dia. De quebra, o filme ainda presta uma justa homenagem a um dos principais ativistas que os EUA tiveram nessa questão racial, que é James Baldwin. Um documentário desconsertante e imperdível.


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