Dica de Disco ("SHADE" - LIVING COLOUR)

Dica de Disco

Shade
2017
Artista: Living Colour


BANDA CLÁSSICA DOS ANOS 80 CONTINUA NA ATIVA, E ACABA DE LANÇAR UM DISCAÇO DE ROCK QUE VALE A PENA SER OUVIDO ATÉ O ÚLTIMO SEGUNDO

O Living Colour foi um dos melhores grupos de rock surgidos nos anos 80, e que continuaram a ter relativo sucesso no início da década de 90. Entre idas e vindas, a banda já não lançava material inédito desde 2009, com o bom "The Chair in the Doorway". 

Eis que, em 2017, surge "Shade", 6º álbum de estúdio deles, e que comprova que o som do Living Colour não se tornou nem um pouco datado, visto que aqui vamos encontrar todos os elementos que tornaram a banda mundialmente conhecida, e que, ao mesmo tempo, ainda soa moderno e contagiante.




"Primos" de som do Red Hot Chilli Peppers e do Faith no More, o Living Colour, ao contrário destes, continua, ainda nos dias de hoje, com uma regularidade muito bacana em sua música, mesmo depois de mais de 30 anos de carreira. 

Isso se deve ao fato da banda pontuar as suas novas canções com um ou outro elemento mais atual, mas, a essência daquele hard rock vigoroso que eles faziam está lá, intacto. E, isso se percebe logo na primeira faixa, "Freedom of Expression (F.O.X.)". Pesada, cadenciada e cheia de um estilo próprio, é um ótimo cartão de visitas para uma banda com a energia do Living Colour. 

Em seguida, vem "Preachin' Blues", de condução arrastada, poderosa, intensa. Instrumentos no talo, unidos à voz rasgada de Corey Glover, cujo tempo parece que não passou pra ele, visto que a sua interpretação vocal continua como um dos grandes atrativos do grupo.

"Come On" é outra ótima faixa, desta vez, unindo mais samples à sonzeira rock'n roll, mas, não perdendo em potência. Refrão perfeito para shows. Chegamos à quarta música do disco, "Program", e sem perder o pique, temos mais uma composição forte, mais uma vez com um refrão perfeito, e que faz ainda mais reverência ao som oitentista que misturava funk com metal. Um deleite aos ouvidos. 

"Who Shot Ya?" já é a faixa de número cinco do álbum, e o trabalho, ao invés de perder um pouco do fôlego, parece crescer em intensidade, principalmente, em conteúdo político. Também pudera: essa aqui é uma cover (e, que cover!) do falecido rapper Notorious B.I.G.. Pancada! "Always Wrong" dá uma amenizada naquela que parece ser uma balada, mas, que ganha força ao longo de sua condução, alternado bem melodia e peso.


Metade do disco já passou, e nem parece, tamanha a fluidez do som da banda neste trabalho. "Blak Out" é a prova disso. Com fraseados funkeados e explosões no refrão, a canção lembra os melhores momentos do Living Colour, mas, sem soar datada. Mesma sensação ocorre com a rápida "Pattern in Time", que exala aquela boa e salutar urgência de início de carreira. 

O clima de descontração é tamanho que, na faixa "Who's That", a banda se dá ao luxo de experimentar naipes de metal ao lado de guitarras distorcidas, e o resultado soou excelente. E, pensam que, já perto do final, o disco vai acalmar? Nada disso! "Glass Teeth" parece ser a primeira música do álbum de tão empolgante que é. E, no ótimo refrão, ainda somos presenteados com belas vocalizações, que lembram o southern rock do The Black Crowes. Musicaça! 

Um pouco de southern, por sinal, é o que vamos encontrar em "Invisible", que mantém o mesmo padrão das demais (ou seja, irrepreensível). Mesmo sendo uma boa canção, "Inner City Blues" não está no mesmo nível das demais, mas, como se trata da penúltima composição do disco, relevamos perfeitamente. Ao final, agora sim, temos uma balada, "Two Sides", bonita e que encerra o álbum com dignidade. 

O que temos aqui é um disco puramente de rock, sem frescuras, de uma banda das antigas que soube envelhecer muito bem, e que ainda consegue fazer ótimos discos, mesmo não apresentado nada de "novo", digamos assim. E, sem muito alarde, "Shade" é um dos lançamentos do ano. 


NOTA: 8,5/10


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