dica de disco ("BCCIV" - Black Country Communion)

Dica de Disco

BCCIV
2017
Artista: Black Country Communion


SUPERGRUPO CONTINUA CERTEIRO NA SUA ATUALIZAÇÃO DO ROCK SETENTISTA, E PRESENTEIA OS FÃS COM MAIS UM DISCO DE PRIMEIRA

Há artistas que não precisam fazer muito para conseguirem ótimos resultados. Tudo soa tão natural, tão espontâneo, que que parece que pouco estão fazendo esforço. Ao contrário: aparentam estar se divertindo muito no processo, e isso só é privilégio de quem realmente tem talento. 

Afinal, como negar, nos dias de hoje, que Glenn Hughes é (ainda) um exímio cantor? Ou, que Joe Bonamassa é um dos melhores guitarristas de sua geração? Pode ser até um tanto óbvio repetir essas questões a cada lançamento do Black Country Communion, mas, pra quem gosta de um rock'n roll mais clássico, sempre vai encontrar nos trabalhos deste supergrupo material de ótima qualidade.





Sem delongas, a primeira faixa do disco ("Collide") é uma pancada. Resume muito bem a proposta do Black Country Communion: cadência, peso, energia e melodia. Destaque absoluto para Bonamassa, em riffs certeiros, e Hughes, cantando absurdamente bem, como sempre. Claro, palmas também para Jason Bonham e Derek Sherinian, que conseguem fazer uma cozinha sonora excelente. 

Em seguida, mais uma ótima canção: "Over My Head", essa, um pouco mais "calma" que a anterior, mas, mesmo assim, com uma bela potência sonora. Bonamassa mostra seus dotes de vocalista na intensa "The Last Song For My Resting Place", onde temos alguns arranjos tipicamente "zeppelianos", com sonoridades exóticas se intercalando com o peso. Mas, um destaque do álbum, apesar da duração um tanto excessiva dela, que poderia ser menor. Ainda assim, não compromete a qualidade da composição.

"Sway" é outra faixa "muito" Black Country Communion. Talvez, soe repetitiva ao longo de seus mais de cinco minutos, mas, a qualidade dos músicos envolvidos é tão contagiante, que isso nem chega a incomodar de forma expressiva. 

"The Cove" dá uma certa desacelerada no ritmo, onde ouvimos uma base bem Black Sabbath, fase Dio; ou seja, um heavy arrastado, sombrio e muito bem executado. Nela, notamos o óbvio: Hughes e Bonamassa são mestres em suas respectivas funções (que dupla formidável para integrar uma banda!). 

Após um "descanso", o peso e a cadência voltam com tudo em "The Crow", mais uma música com o selo de qualidade deste supergrupo, e que faria bonito se fosse executada ao vivo, nos shows. É o tipo de composição que abre espaço pra todos brilharem, desde Bonamassa, com seu absurdo bom gosto guitarrístico, até as pancadas certeiras de Jason Bonham. Perfeita!


Com uma sonoridade mais pop, "Wanderlust" é bem tocada, mas, não chega a fazer frente aos melhores momentos desse disco. Ainda assim, tem categoria, apesar de ser mais uma composição com duração excessiva para o que se propõe (aqui, são mais de oito minutos que, de certa maneira, não se justificam). 

Só que com "Love Remains", não tem desculpa; ela cai na armadilha da mesmice, e a sua inclusão no disco é ficou deslocada em relação a todo material apresentado até então. O único ponto fraco, realmente, do disco, diga-se de passagem. Tanto é que, como a canção seguinte, "Awake", a banda se redime, e apresenta uma verdadeira musicaça, com um quê de Deep Purple em sua essência, num clima de nostalgia contagiante. Finalizando, temos a bela "When the Morning Comes", uma super balada, onde Hughes e Bonamassa dividem os vocais de maneira excelente. 

Enfim, temos aqui mais um discaço de rock do Black Country Communion. Missão cumprida (e, com louvor).


NOTA: 8/10


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