DISCO MAIS OU MENOS RECOMENDÁVEL ("FEED THE MACHINE" - NICKELBACK)

Disco Mais ou Menos Recomendável

Feed the Machine
2017
Artista: Nickelback


COM UM ROCK, EM GERAL, APÁTICO, O NOVO DISCO DO NICKELBACK EMPOLGA POUCO E ENTEDIA MUITO

Algumas bandas dão motivos suficientes para serem odiadas, como o Creed e o Limp Biskit (afinal, quem ainda suporta essas cópias descaradas do Pearl Jam e o Faith no More, respectivamente?). Já, outras, ganharam "fama" por serem bastante odiadas, mas, verdade seja dita: não mereciam, apesar de também não fazerem por onde se destacaram no cenário atual da música. 

Um bom exemplo disso é o Nickelback, que se, por um lado, possui um som até competente, por outro, faz aquele velho "mais do mesmo", que nem fede, nem cheira. E, isto está presente em praticamente todos os discos da bandas, e este "Feed the Machine" não é exceção. 



O diferencial, desta vez, (se é que podemos chamar de "diferencial") é que a banda volta, digamos, "engajada", com um trabalho que possui um certo teor de "crítica social". O problema é que o grupo liderado pelo vocalista Chad Kroeger nunca primou por esse tipo de temática, e, mesmo que seja louvável fazer um álbum assim, acaba, invariavelmente, soando forçado. 

E, essa forçação de barra se reflete no som do disco, que está mais pesado, e (por que não?) um pouco mais diversificado. Porém, dadas as limitações do Nickelback, boa parte de "Feed the Machine" demonstra muita repetição, com músicas sem carisma, sem "sal".

A canção de abertura, que dá nome ao álbum, é um exemplo de como a banda está querendo parecer mais pesada, e, consequentemente, mais interessante. E, de fato, a letra é boa ("Colocando mentiras imundas em anzóis como iscas / Mais um charlatão para ser idolatrado") e algumas passagens possuem uma vibração que talvez os ouvintes de ocasião do Nickelback não estejam acostumados. 

Após o bom início, temos aquela que é, sem dúvida, a melhor do álbum: "Coin For The Ferryman". Apesar da letra um tanto fraca (que parece descrever uma espécie de roadie trip), a composição é bastante pesada e variada, até mesmo na interpretação de Chad Kroeger, mais forte do que de costume.


No entanto, depois de dois bons cartões de visitas, o disco segue ladeira abaixo, a começar pela insossa "Song On Fire", primeira, e uma das mais irritantes baladas de "Feed the Machine". Dato: esse som baladeiro anêmico deixam ainda mais evidentes as falhas do Nickelback. 

Mas, é assim, infelizmente, que funciona a indústria: é necessário que haja um "hit", uma canção de fácil assimilação para o público, e mesmo que esse "hit" soe deslocado no disco em si, ele sempre precisa ser feito, o que quebra qualquer proposta. Bem, após essa "sessão xarope", surge até uma boa música, "Must Be Nice", mesmo que ela pareça estranha à primeira audição, um mistro de Aerosmith com Faith no More, digamos.

Na continuação dos sons apáticos, o Nickelback volta a esfriar esse disco com "After The Rain", mais uma balada sem função alguma no trabalho. Em seguida, mais uma boa canção, "For The River", e que assim como as melhores do álbum, é vibrante nos momentos certos, com Chad Kroeger não arrastando a voz de maneira irritante. 

Aqui, já dá pra perceber uma coisa: se "Feed the Machine" tivesse seguido essa tendência mais pesada, sem dúvida, estaria um pouco acima da média. No entanto, no meio do caminho, tinha uma balada (ou, será que tinha uma balada no meio do caminho?). A questão é que "Home" surge como mais um banho de água fria num disco que, se muito deveria ter uma única balada, no seu encerramento. 

Porém, contudo, todavia, entretanto...


Prova de que "Feed the Machine" seria bem melhor sem tantas canções melosas é a sua oitava faixa, "The Betrayal (Act III)", que começa de forma acústica, e vai numa crescente interessante, com a banda, justiça seja feita, bem entrosada. Só que, adivinhem? Pois, é, mais uma "vocês sanem o quê". 

A música "Silent Majority" é até animada, mas, não esconde sua veia baladeira. E, eis que surge "Every Time We're Together", penúltima canção do álbum, que não passa de uma b-a-l-a-d-a novamente (haja vício nesse estilo de música, não?), e que consegue ser tão irritante quando aquelas canções animadinhas de boy bands roqueiras. Ou seja, sem nenhum atrativo. Melancolicamente, o trabalho termina com a instrumental "The Betrayal (Actr II)", que é bem básica.

O Nickelback até que tentou, e ponto pra eles por isso. Porém, por esterem tão presos nesse mundinho pop do show business, não se arriscaram além do que era permitido, e um disco que carecia de mais peso, de mais punch, de mais "pegada", simplesmente, possui apenas 5 faixas um pouco mais pesadas, com letras realmente relevantes, num total de 11 composições.

Ao final, "Feed the Machine" é aquele típico disco de "rock" que aquele seu amigo que gosta de qualquer coisa vai achar legal, mas, que até ele vai esquecer depois de um tempo. Uma pena, mas, o Nickelback continua sendo uma entre várias sem grandes atrativos. Quem sabe, numa próxima.


NOTA: 5,5/10


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