POR UM 2015 MAIS HUMANISTA



2014 foi difícil. Uma ano de revelações, de tomadas de postura, onde mostramos que tipo de povo nós somos. Carregado, este ano que termina foi, infelizmente, de muito ódio, rancor, brigas, intolerâncias.

Já começou com o caso daquele menino que foi amarrado ao poste no RJ. Uma mulher se indigna com isso, tira fotos e protesta nas redes sociais. Só faltou ser morta, pois, de ameaças, sua vida ficou lotada. Afinal, bandido bom é bandido morto, e quem tem pena, que leve pra casa! Até jornalistas se mostraram a favor do linchamento, ou pelo menos, tentando justificá-lo. Esses mesmos se calaram quando uma dona de casa foi morta por ter sido confundida com uma sequestradora de crianças. Remorso, não foi. Talvez o silêncio tenha sido estratégico.

A barbárie como válvula de escape.

Chega a famigerada Copa do Mundo, e os nossos problemas acabaram. Mesmo com as vaias à presidente Dilma, todos se mostraram satisfeitos. Não importa que muitos operários tenham morrido na construção dos estádios; de pouco vale o fato de termos gasto bilhões da iniciativa pública para a realização do evento; estádios parados após a Copa, em todo o esplendor de um elefante branco, ficaram até agradáveis aos nossos olhos; e os protestos nas ruas não ocorreram como o prometido. Tudo veio abaixo com o 7 X 1. Ficamos indignados pelos motivos errados, e ainda gostamos de termos realizado a "Copa das Copas".

Poucos perceberam que a Copa, em linhas gerias, foi um fiasco.

Eleições são um exercício pedante de ideologias que se completam. Dilma, Aécio e Marina fingiram que estavam em oposição, e não percebemos a coerência advinda de uma Luciana Genro ou de um Eduardo Jorge. Petrolão pra cá, Petrolão pra lá, a imprensa comprada (como sempre) e o mais do mesmo vence. Mediocridade nas urnas, tivemos que escolher (mais uma vez) o menos pior. E, tome-lhe ódio pra cima, principalmente a nós, nordestinos, acusados de ignorantes por termos reelegido Dilma (o que, na verdade, configura uma mentira, pois em números absolutos, Dilma teve mais votos no Sul-Sudeste). Mesmo bovinos, sobrevivemos.

Dilma e Aécio: nem tão inimigos assim...

Dado preocupante nessas eleições foi nosso retrocesso. Não, não demos nenhuma guinada à Direita. Apenas, boa parte saiu do armário, e, num arroubo de individualismo e má-fé, começaram a discursar os maiores absurdos. Os porta-vozes? Os de sempre: Bolsonaro, Feliciano, Malafaia, Roger, Constantino, Reinaldo... Nada de novo no front. Apenas as minorias sendo achincalhadas e pulhas aos montes sendo os mais votados em nome da moral e dos bons costumes. Triste e perversos trópicos.

Bolsonaro e Feliciano: duas figuras que nunca deveriam ter merecido destaque em 2014.

Chegamos ao fim de 2014, portanto, cansados. Lutas inglórias, má vontade de nossos amigos e parentes, um egoismo generalizado pairando no ar. A expressão "farinha pouca, meu pirão primeiro" nunca fez tanto sentido. Por isso, não precisamos de mais religião (já temos demais por aí, e ela não resolve nada), nem de tanta política (pois, é subir ao poder, já sabemos o que acontece). Precisamos é de mais humanismo, pois assim veremos os nossos diferentes e não os nossos iguais. Enxergaremos as coisas com menos ódio e preconceito, e o diálogo será mais proveitoso, sem dúvida.


Utopia? Talvez nem tanto. Com esforço, provavelmente, algum resultado virá.

Um feliz 2015 (MAIS HUMANO, E MENOS EGOCÊNTRICO).


Erick Silva

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