Dica de Disco

The Southern Harmony and Musical Companion
1992
Artistas: The Black Crowes


No começo dos anos 90, havia certa rixa no rock norte-americano entre os públicos do heavy metal e do grunge. Enquanto uns reclamavam do estilo pomposo dos metaleiros, outros criticavam a aparente "pobreza sonora" da turma das camisas de flanela. Alheios a tudo isso, existiam bandas como o Black Crowes, autênticos hippies modernos, que buscavam nos anos 60 e 70 suas principais influências, mais precisamente Faces, Stones e Led.


"The Southern..." foi o segundo lançamento deles, e captura o grupo num dos seus melhores momentos. Além das influências já citadas, o diferencial estava em instrumentistas talentosos e um vocalista fantástico (Chris Robinson). Com tais elementos, já começam esse trabalho com "Sting Me", onde coros de cantoras em estilo gospel também dão o tom. Belo início.

Logo após, vem o primeiro e principal hit do disco, "Remedy", uma daquelas composições empolgantes que, mesmo não possuindo um forte refrão (característica bastante presente em todo o álbum, diga-se), fica, facilmente, como a canção essencial na vida de muita gente. Pausa para reflexão. É assim que se materializa "Thorn in my Pride", cuja ambientação combina bem coim um quarto de muitas cores, cheio de incensos e uma conversa agradável. "Bad Luck Blue Eyes Goodbye" é um blues emocionante e com a qualidade padrão do Crowes.

Um dos ápices do trabalho aparece com "Sometimes Salvation", onde Chris Robinson dá um show de interpretação, não fazendo feio frente aos seus ídolos Rod Stwart ou Robert Plant. "Hotel Illness" é a mais fraca do álbum. Não é ruim, mas está abaixo da média se comparada às outras composições magistrais contidas aqui. "Black Moon Creeping" já semostra bem melhor, com um som dobrado incrível de guitarra e bateria.




"No Speak No Slave" e "My Morning Song" são dois rocks geniais, principalmente este últimos, com suas variações de andamento e fina apoteótico. E, o disco chega ao fim com a versão de "Time Will Tell", de Bob Marley, cuja roupagem do Crowes a deixou completamente irreconhecível, onde o ritmo é ditado apenas por violões e batuques. Um término digno de respeito.

"The Southern..." só não é melhor que a obra-prima da banda, "Amorica", lançada dois anos depois, mas estão nivelados no mesmo patamar de qualidade. Um excelente álbum, portanto, que mostrou às novas gerações como fazer um revigorante rock'n roll. Ao lado de "Harvest Moon", do grande Neil Young, foi um disco que aquela década precisava ouvir.


NOTA: 9/10

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